António Costa apresentou a sua demissão, entretanto, o primeiro-ministro demissionário considera que o exercício do cargo não é compatível com a existência de qualquer suspeita.
O pedido de demissão foi aceite pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que convocou os partidos com assento parlamentar para esta quarta-feira.
Em declaração aos portugueses, António Costa disse que não lhe pesava qualquer actividade ilícita ou censurável na consciência e mostrou-se disponível para colaborar com a justiça.
Disse também que não conhecia o motivo da investigação.
António Costa está a ser investigado devido às concessões de exploração de lítio nas minas do Romano, em Montalegre e do Barroso, em Boticas, também por um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines.
Em causa poderão estar factos suscetíveis de constituir crimes de prevaricação, corrupção activa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.
António Costa, que liderava o governo desde 2015, já tinha anunciado que não se iria recandidatar.
A residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, e vários ministérios foram alvo de buscas na manhã desta terça-feira. A operação foi levada a cabo pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e a PSP.
O chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, o empresário e amigo de Costa, Diogo Lacerda Machado, o presidente da câmara, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema, CEO do Start Campus de Sines e Rui Oliveira Neves, Diretor Jurídico e de Sustentabilidade do Start Campus de Sines foram detidos na operação policial da manhã de terça-feira.
Outros ministros também deverão ser constituídos arguidos como João Galamba, Duarte Cordeiro (ministro do Ambiente) e João Pedro Matos Fernandes (ex-ministro do Ambiente).
As diligências foram confirmadas pela assessoria de imprensa do chefe do executivo, António Costa, que acrescentava, em comunicado, que não se pronunciam “sobre a ação da justiça”.
Em janeiro, a Procuradora Geral da República tinha já confirmado que estava a decorrer uma investigação.