O jornalista Jann Wenner, cofundador da revista Rolling Stone, foi destituído do conselho da Rock & Roll Hall of Fame Foundation, que ele também ajudou a fundar, um dia após a publicação de uma entrevista sua no The New York Times. Ao jornal, Wenner fez comentários que foram amplamente criticados como sexistas e racistas.
A fundação mantém um museu em Cleveland, dedicado à história do rock. No Sábado (16), a organização divulgou um breve comunicado sobre a demissão do jornalista. “Jann Wenner foi destituído do conselho de administração da Rock & Roll Hall of Fame Foundation”, disse a nota. Joel Peresman, presidente da fundação, não quis comentar o assunto.
A demissão de Wenner ocorre após uma entrevista ao NYT, publicada Sexta-feira (15), em que ele divulga o lançamento de livro, o “The Masters”, ou os mestres. O título reúne décadas de entrevistas com lendas do rock como Bob Dylan, Mick Jagger, John Lennon, Bruce Springsteen e Bono —todos brancos e homens.
Na entrevista, ele foi questionado sobre a falta de mulheres e pessoas negras na publicação. Sobre as mulheres, o jornalista respondeu que “nenhuma delas era articulada o suficiente, neste nível intelectual”. Ao falar de pessoas negras, ele usa argumento semelhante. “Eles simplesmente não se articularam nesse nível”.
Os comentários provocaram reacção imediata, com suas citações ridicularizadas nas redes sociais e críticas vindas de outros jornalistas. Joe Hagan, que em 2017 escreveu uma biografia de Wenner, “Sticky Fingers”, citou um comentário da crítica feminista Ellen Willis, que em 1970 chamou a revista de “violentamente anti-mulheres”.
Em um comunicado divulgado na noite de Sábado por um representante da Little, Brown and Company, editora de seu livro, Wenner disse: “Em minha entrevista ao The New York Times fiz comentários que diminuíram as contribuições, a genialidade e o impacto de artistas negros e das mulheres e peço sinceras desculpas por essas observações.”
Wenner fundou a Rolling Stone em 1967, junto do crítico musical Ralph J. Gleason. Em 2019, ele deixou oficialmente a revista, que teve a transação de venda finalizada em 2020, para a Penske Media.
O jornalista também fez parte de um grupo de executivos da música que fundou a Rock & Roll Hall of Fame Foundation, em 1983; o museu afiliado, em Cleveland, foi inaugurado em 1995.
O Rock Hall tem sido criticado pelas poucas mulheres e artistas menorizados que foram empossados ao longo dos anos. De acordo com um pesquisador, em 2019, apenas 7,7% dos indivíduos presentes eram mulheres. Alguns críticos aplaudiram mudanças recentes, e a mais nova classe de homenageados que inclui nomes como Kate Bush, Sheryl Crow e Missy Elliott, junto de George Michael, Willie Nelson, Rage Against the Machine e os Spinners.
Fonte: Site Folha de São Paulo